Esta semana, na quarta-feira, os católicos franceses mobilizaram-se e promoveram uma jornada de oração pelo casamento.
Até aqui nada de especial, antes pelo contrário. A iniciativa só mereceria todo o aplauso pela importância que a família tem para a Igreja e para a sociedade.
Mas quando se esperava que a preocupação fosse, de facto, a família, toda a atenção dos católicos franceses se centrou no casamento e na preocupação com o anúncio feito pelo Presidente francês, François Hollande de legalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo e a adopção de crianças por esses casais.
O que mais me interroga nestas situações é a preocupação de alguns sectores da Igreja com o que lhe é exterior, com a legítima vontade individual de cada ser humano (as suas opções, escolhas, princípios), principalmente quando estes, mesmo que colidindo com questões dogmáticas da Igreja, não interferem directamente nos princípios e valores. Seria eventualmente preocupante, isso sim, se a permissão do casamento entre pessoas do mesmo sexo se realizasse no seio da Igreja/Religião.
O que entendo que nos deveria preocupar enquanto Igreja, mais do que a condenação das liberdades individuais de cada um dos cidadãos, é a perda de identidade, a falta de capacidade de ser presença viva na sociedade, a ausência de novos processos de evangelização, a defesa da família enquanto estrutura basilar da sociedade.
E os dados são muito claros. Segundo o INE, em 201, registaram-se cerca de 36 mil casamentos (menos 4 mil que em 2010) e destes apenas cerca de 39% (pouco mais de 14 mil) são católicos. Isto quando em 2007 (5 anos atrás) a taxa situava-se bem perto dos 50%.
Isto é que deveria preocupar-nos enquanto Igreja, assim como a taxa de divórcios (dados de 2010) se situar perto dos 3%.
A valorização do papel da família, a sua preservação, a sua promoção deveriam ser uma das preocupações actuais, seja ao nível religioso, seja a nível social.
Mais do que a condenação do que são as escolhas e princípios tomados com a legitimidade da liberdade individual de opção tomadas por quem não comunga dos princípios e dos valores da Igreja.
Há muito cuidado e muita atenção aos problemas que nos rodeiam e muito pouco olhar para dentro das "nossas paredes e realidades".
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