segunda-feira, 17 de março de 2014

"Epístola" de um crente ao seu Bispo (7)

Porque a vida também se lê…
Caro D. António Francisco
A semana que passou foi fértil em dualidades emotivas (ou emocionais). O Papa Francisco celebrou o seu primeiro ano de pontificado e registámos a perda de D. José Policarpo, patriarca Emérito. Mas houve igualmente um momento que concentrou, por razões óbvias, em si mesmo, esta dualidade emotiva (tristeza e regozijo): a Acção de Graças que a diocese promoveu como agradecimento, mais que justo, pelos sete anos de ministério episcopal que exerceu em Aveiro. Antes de mais, lamentar a minha ausência forçada por compromissos desportivos inadiáveis e inalteráveis. Recorrendo-me a uma imagem da nossa história política recente, atrevo-me a dizer: “foi bonita, a festa”. Bonita e, obviamente, merecida.
Para evitar exageros, repetições, correndo o risco de desvalorizar e trivializar estes últimos momentos da sua passagem pela nossa Diocese, não pretendo repisar as palavras, os sentimentos, o que vai na “alma” dos aveirenses. Tal como o D. António Francisco referiu logo no início do seu discurso de gratidão: “Este momento como compreendemos todos não é tempo para muitas palavras.” Embora eu ache que mais vale soltarmos o que nos vai na alma do que contermos a emoção. No entanto, há, na parte final do discurso de Saudação, proferido pelo Monsenhor João Gaspar, algo que importa relevar e destacar: “Sabemos que, apesar de, no dia 05 de abril, começar a exercer o ministério episcopal na diocese do Porto, não deixará de ser aveirense com os aveirenses!…”. Esta é uma certeza tão dogmática quanto aquela que nós, católicos, temos em relação ao “mistério da nossa fé”: a morte e a ressurreição de Cristo. Que na sua nova missão pastoral este dogma da igreja aveirense o acompanhe, seja nas alegrias, seja nas dificuldades. Sim… porque o caminho (mesmo o de Emaús) faz-se caminhando, mas com várias “pedras na calçada”. Saberá, melhor do que eu, que não será fácil caminhar sobre elas. Imagine, D. António Francisco, que as pedras criam de tal forma desconforto no caminhar, por mais belas que sejam, que em Lisboa, a autarquia, decidiu reduzir os espaços públicos com calçada portuguesa, tal é a dificuldade de mobilidade que origina. Mas tenha sempre essa certeza que a Igreja Aveirense não esquecerá estes últimos sete anos, nem o “júbilo da sua missão”.
Deste modo, do seu discurso permita-me a ousadia de o sintetizar naquilo que mais me tocou e que tão somente reflecte a real imagem pastoral e humana do “meu” Bispo: Perdão… Benção… Gratidão.
Caro D. António Franscisco, era escusado… Perdão é o que Aveiro (a sua Igreja e não só) tem de lhe pedir pelas vezes que não soube compreender o seu Bispo. Bênção e Gratidão é o que a Igreja Aveirense sentiu pela graça de ter tido, nestes últimos sete anos, um Bispo que soube acolher, estar e conduzir, na fé e pela fé.
Retomo as palavras finais do Monsenhor João Gaspar: “conte sempre com a nossa humilde (mas abençoada)oração”. Acredite, D. António Francisco (Bispo de Aveiro e do Porto), que pode partir com serenidade e confiança e olhar em frente com coragem e esperança, porque Aveiro estará sempre consigo.
Por Cristo, com Cristo e em Cristo.

Sem comentários: