quinta-feira, 6 de março de 2014

Mais do que a tristeza... o OBRIGADO.

No próximo domingo, 9 de março, terá lugar na Sé de Aveiro uma celebração de Acção de Graças pelo Ministério Episcopal de D. António Francisco na Diocese de Aveiro, ao longo dos últimos sete anos. Iniciam-se assim dois pontos altos (este e o agendado para 19 de março, na Universidade de Aveiro) de agradecimento público pelo episcopado em Aveiro do recém-indigitado Bispo da Diocese do Porto.
Foram várias as vozes que mostraram publicamente a sua surpresa, estupefacção e descontentamento pela decisão da Nunciatura Apostólica em Portugal (por mais que o Núncio Apostólico em Portugal, D. Rino Passigato, queira “descartar” a responsabilidade da decisão com a formalidade da assinatura papal).
É certo que “quem não se sente não é filho de boa gente” e é natural e legítima a indignação de muitos católicos aveirenses, resultado do desagrado e da mágoa que provocou a notícia da partida de Aveiro do Bispo D. António Francisco.
Mas sejamos, por um lado realistas e pragmáticos, e, por outro, racionais.
Realistas porque a decisão da nomeação de D. António Francisco é algo de normal num processo de pastoral da Igreja. A disponibilidade de um bispo para o episcopado, independentemente do contexto regional, deve ser total. Algo que vem do tempo de João Paulo II e reforçado no pontificado do Papa Francisco, no entendimento que o Papa tem em relação ao papel e missão pastoral de um Bispo na Igreja.
Aliás, situação idêntica em relação ao clero paroquial e às diversas nomeações e mudanças paroquiais de muitos Párocos, por decisão do Bispo, de qualquer diocese. O que aliás, embora respeitando as opções de cada um, torna um pouco inexplicável a audiência solicitada ao Núncio Apostólico, por uma parte do clero aveirense, na tentativa de reverter a decisão da nomeação.
E pegando precisamente neste aspecto, há ainda a vertente racional. Compreendo perfeitamente que haja quem, com toda a legitimidade pessoal, com muito mais proximidade e ligação ao D. António Francisco, se sinta mais desiludido e inconsolado que eu. A minha tristeza, o meu desgosto, valendo o que valem, já as testemunhei publicamente. A questão é que a demonstração pública da indignação e da revolta em relação à decisão tomada, mesmo que as possa entender e compreender, em nada ajudam, beneficiam e dignificam o “nosso” Bispo, D. António Francisco, contrariando, aliás, o que é o actual sentimento de tristeza da Igreja aveirense. A racionalidade que, às vezes, nos tem faltado deveria, apesar das circunstâncias (ou até mesmo pelas circunstâncias) encher-nos de orgulho, enquanto Igreja e enquanto agradecidos e reconhecidos pelo trabalho pastoral que o D. António Francisco realizou em Aveiro. Porque se gostamos mesmo do “nosso” Bispo só há, mesmo que na tristeza e no desalento, duas atitudes: primeiro, congratularmo-nos pelo reconhecimento do valor pastoral e humano do D. António Francisco, escolhido entre pares, pela sua dignidade, sabedoria, experiência, capacidade episcopal. Se assim não fosse, mesmo que para nosso gáudio, o D. António Francisco não seria nomeado Bispo da Diocese do Porto, com toda a dimensão social, regional, económica, política e religiosa daquela área comporta e exige; segundo, a Igreja aveirense (e os católicos aveirenses) só podem agradecer e celebrar a honra que foi termos tido a oportunidade de ter à frente do ministério episcopal aveirense um Bispo com a dimensão do D. António Francisco.
Tudo o que for em sentido oposto à alegria deste reconhecimento, afigura-se-me contraproducente, irrealista e em nada valorizador destes oito anos de episcopado aveirense do “nosso” Bispo. Mais do que a tristeza, a Diocese de Aveiro deve sentir-se grata e dar, de facto, Graças pelo Bispo que tivemos. Que mais não seja… pelo D. António Francisco.

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