A notícia, embora possa ‘chocar’, não traz novidade
nenhuma, nem é surpresa para muitos.
É por demais sabido e discutido, por muitos
criticado, o mundo secreto da Cúria do Vaticano, a complexidade e a teia dos
corredores do poder na Igreja, o tráfico de influências e de capitais que
circula para além das colunatas da Praça de S. Pedro.
Se recuarmos algumas décadas (1978), encontraremos
eco desta realidade bem antiga, no desfecho do curtíssimo e polémico
pontificado de João Paulo I. Apesar das inúmeras teorias da conspiração que
normalmente acompanham estes processos, importa referenciar o trabalho de
investigação (sem ficção) plasmado na obra “Em Nome de Deus”, do jornalista
David Yallop.
Deste modo, quando olhamos para o título do Diário
de Notícias, da edição do dia 13 de novembro, (“Procurador [italiano] adverte que máfia pode tentar matar o Papa”) nada nos surpreende, mesmo que possa causar alguma
apreensão.
Olhando para o que tem sido, desde a sua eleição
até à data, este pontificado do Papa Francisco, por mais estranho que possa
parecer, não serão este tipo de “alarmes” que irão condicionar as acções e a
forma de estar e ser do “Papa que veio do fim do mundo”.
Por exemplo, não condicionarão de certeza a característica
da sua missão apostólica e evangelizadora e a sua forma olhar o mundo, sempre à
luz da mensagem de Cristo («Papa recorda Filipinas e “Noite de Cristal”» - «Síria e Filipinas no coração do Papa» - «Papa envia mais de cem mil euros para ajudar filipinos» - «Mais de 110 mortos em Lampedusa. "Vergonha", afirma Francisco» - «Papa abraça e beija homem desfigurado» - «Papa
lava pés a 12 jovens detidos, incluindo duas mulheres» - «“Deus está preso numa cela com os fracos”» - «A Igreja sem Cristo "torna-se uma ONG piedosa"»).
Ou ainda, a sua visão e estratégia para a reforma
da Igreja, das sua estrutura, da sua missão e, porque não, dos seus “cânones” («Papa Francisco diz que católicos não devem temer reforma em estruturas da Igreja»
- «Papa proíbe cardeal acusado de encobrir 250 casos de pedofilia de frequentar basílica» - «Papa submete Vaticano a lei de transparência financeira» - «Francisco e o sínodo sobre a família» - «Vaticano quer saber qual a “realidade das famílias actuais"» - «Papa afasta bispo despesista» - «Papa Francisco diz que a Igreja tem estado "obcecada" com o aborto e o casamento homossexual» - «Papa Francisco contra a marginalização dos homossexuais» - «Papa Francisco diz que Igreja não deve estar fechada aos pecadores» - «Papa Francisco reforça punição contra pedofilia» - «Papa Francisco "sofre" quando papel das mulheres na Igreja é reduzido à "servidão"» - «Papa Francisco reúne comissão para reformar Igreja “vaticanocêntrica”»).
Ou, por último, o seu lado mais humano, social,
desprendido das “côrtes pontifícias” e do eventual “cinzentismo do cargo” («Papa Francisco recebe uma Renault 4L» - «Papa Francisco volta a quebrar protocolo e põe fiéis a rir» - «Papa Francisco satisfeito com 'vida normal' depois de rejeitar alojamento oficial»
- «Dez gestos inesperados de um Papa surpreendente» - «Papa convence mulher a não abortar e oferece-se para padrinho» - «Papa Francisco oferece uma cadeira a um guarda suíço» - «Papa Francisco cancela discurso “aborrecido” e responde às crianças» - «"Fala o Papa Francisco, podes tratar-me por tu"»).
Esta é a “imagem” do Papa Francisco, o Papa que,
após João XXIII, tem todas as condições para marcar um pontificado único e um
ponto de viragem na missão da Igreja no mundo. Não serão as “pressões externas”
que demoverão o Jesuíta e até há pouco tempo Cardeal Jorge Mario Bergoglio dos
seus objectivos. Mais receosas serão as "pressões internas"...
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